segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Thanks China


A Europa atrapalhada
Já escreveu a sua carta
E a China abastada
A ajuda não descarta

Pode participar no fundo
Com uns quantos milhões
Como ao resto do mundo
Impõe as suas condições

Trabalhar mais meia hora
Por cada hora de trabalho
Sem pontes, feriados e férias

Social é para deitar fora
Na doença não me atrapalho
Enquanto fluir nas artérias.

domingo, 30 de outubro de 2011

Churrasco


Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Que o mecanismo emperra
E é por certo graças a ti

Lindo fato Armani vestes
Exiges-nos mundos e fundos
Prometer também prometestes
Mas não vimos dividendos

Das reformas prometidas
Só uma falta concretizar
E é sem sombra de dúvidas

A que ainda nos pode salvar
Dar no monstro umas facadas
E pô-lo no espeto a assar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O ladrão


Ó senhores do parlamento
A quem cumpre legislar
Legislem lá um regulamento
Que não permita mais roubar

Pois se roubam à descarada
Cá neste sítio, eu lamento
Assistimos sem fazer nada
Tapamos buracos c’orçamento

Passamos tempo neste cavar
E mais nos vamos enterrando
Aumentando o buraco a tapar

Ó senhores da governação
Escrevam lá um memorando
Que permita prender o ladrão.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O cavalo


As aparências iludem
Neste nosso Portugal
Se facilidades vendem
É porque vai muito mal

Estamos mal habituados
Ao nosso modo de viver
Na crise sempre atordoados
Um dia havemos de renascer

Ouvimos belas promessas
E até gostamos bastante
Pois eles falam às massas

Com um cantar afinado
Já sabes daqui em diante
Desconfia do cavalo dado.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Destino fatal


Nosso destino é errante
Não está ainda decidido
Ouvi a um governante
De sorriso amarelecido

Só austeridade promete
Para com a crise acabar
Vamos viver da caridade
Haja quem queira ajudar

Ajudem-nos lá por favor
Somos um pequeno país
E que está muito doente

Cumpriremos com rigor
Medidas que alguém quis
Nem que morra toda a gente.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Assaltados


Paulo Portas onde andas tu
Que à superfície não te vejo?
Estive a discursar na ONU
Sempre foi o meu desejo!

Submarinos já comprei
Agora quero construir pontes
Rotundas nunca construirei
Talvez um dia construa fontes

Não se reocupem os pobres
Com a austeridade a crescer
Saímos da crise empobrecendo

Protegeremos os poucos nobres
Que assim evitam empobrecer
E migalhas nos vão oferecendo.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A escolha


Isto tem que ser assim
Por isso aceno à infantaria
E essa malta vá por mim
Ou começa a pancadaria

Parem todos de gritar
Regressem às vossas casas
Não se ponham a incendiar
Estamos a passar pl’as brasas

Das ruas o lixo recolham
Essas greves não têm razão
Trabalhem mas é a dobrar

Não vão bandeiras desfraldar
Esse é um símbolo da nação
Quando votarem então escolham.

domingo, 23 de outubro de 2011

Retrocesso monstruoso


O monstro surgiu de novo
Lá pr’os lados de S.Bento
É alimentado pelo povo
Refugia-se no parlamento

Tem as asas de um dragão
De águia é a sua garra
Tem a juba de um leão
Todas as formigas agarra

E as formigas agarradas
Por este monstro assustador
Estão a ficar sem esperança

De ver as coisas renovadas
Só lhes sobra tanta dor
E o retrocesso que avança.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Hominídeos


Portugal é dos portugueses
Grécia aos gregos pertence
Aos povos ninguém vence
A Irlanda é dos irlandeses

Mas os povos estão cansados
Desta económico ditadura
Que desde a criação dura
Nestes e em tantos reinados

O dinheiro em todos manda
Esta é a natureza humana
E não pode ser contornada

O vil metal um cheiro emana
Que os hominídeos condiciona
É como pr’os macacos, a banana.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Animais


Com a visão da águia vamos
Conseguir elevar-nos mais alto
Com energia do dragão estamos
A um passo de dar o grande salto

Com a força do leão estaremos
Defendidos para todo o sempre
Como a formiga trabalharemos
Não haverá povo como a gente

Se nos virem com ar deprimido
É porque somos muito ingratos
Cuspimos no prato onde comemos

Aproveitemos o que nos é oferecido
Aos políticos devemos estar gratos
Ou então nem sequer os merecemos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

General


Esta é a greve do general
Furriel não está de acordo
O soldado vai passar mal
Sargento está mais gordo

Não há dinheiro pr’o soldo
Todos ralham sem razão
Sentem-se à sombra do toldo
E roam as côdeas do pão

Não esperem dias melhores
Esta é a curva descendente
Do futuro há muito prometido

Na demência haverá piores
Dias de esperança ausente
Duma guerra sem sentido.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Burro


Houve um dia a perestroika
Noutro caiu o muro em Berlim
Agora enfiam-nos a troika
E acham que isto fica assim

Mas constroem tantos muros
Para a divisão não ter fim
E acham que somos burros
E eu também acho que sim

E de tanto o burro carregar
Sem cenoura pr’a o motivar
Já não anda mais o burro

Só lhe dá para escoicear
Não sei como irá terminar
Mas cheira um pouco a esturro.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Conjuntura


O inferno já está a arder
Alguns ir-se-ão queimar
E no céu está a chover
Outros ir-se-ão molhar

Os que ficam molhados
Podem ir ao inferno secar
Os que ficam queimados
Vão ao céu pr’a s’enchacar

Os que atearam as chamas
Ficam aqui no purgatório
Molhar e queimar é que não

Entre muitas tricas e tramas
Treinam o seu dom oratório
Das chamas aguardam extinção.

domingo, 16 de outubro de 2011

Fuzilamento


Não há lugar ao lamento
Porque tudo vale a pena
Se a dívida não é pequena
Deves aproveitar o momento

Decretas um ajustamento
E ajustas todo este pessoal
Que nem andava a viver mal
Mas era muito o rendimento

Agora é preciso trabalhar
Mais uma boa meia horita
A ver se o país arrebita

E se ele teimar em afundar
Terá que ser outra a receita
Pr’a nos livrarmos da maleita.

sábado, 15 de outubro de 2011

Alucinação


E o povo saiu à rua
Mas a rua não estava
Pensava que era sua
Mas muito se enganava

E o povo ficou parado
À espera de uma decisão
E por momentos calado
Até que disse que não

Vamos pr’a rua de novo
Mas já não seremos povo
Seremos uma alucinação

Quem pensa que tudo pode
Verá quando o povo explode
Seu sangue espalhado no chão.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Execute-se


O próximo orçamento
Será difícil de executar
Não há lugar ao lamento
Alemanha vai-nos ajudar

Por via-férrea vai seguir
Numa carruagem mercante
Um pijama às riscas vestir
Não usará desodorizante

Seu cabelo será rapado
Fará todo o trabalho forçado
Não mais dormirá descansado

E no dia que lhe fôr destinado
Numa câmara será encerrado
Orçamento morrerá gaseado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A cura


Com olhos de vampiros
Deve ser por nos sugar
De nada valem suspiros
Aqui ou noutro lugar

É das agruras e do lodo
Agora nascem os dentes
Para sugar o sangue todo
Assim não ficamos doentes

Que um morto não adoece
Também não chateia muito
Nem sequer morre da cura

E os vampiros não aborrece
Que renascer será fortuito
Após tamanha secura.

Vale tudo


Na cidade do vale tudo
Só não valia tirar olhos
Agora é vê-los aos molhos
Cegos e de ar carrancudo

Repetem a toda a hora
Há que fortalecer a finança
Só isso trará a confiança
Sem precisarmos ir embora

Senão vamos ser corridos
Por estarmos a defraudar
Quem nos esteve a financiar

Virão os de outros partidos
Que estiveram a repousar
E precisam de se alimentar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Terra mãe ( 1º aniversário )


A terra está a parir
Mineiros um por hora
Emoção, chorar e rir
Destes filhos que adora

Crer imenso ao minuto
Desde início se mantém
Dos homens o contributo
Dores de parto desta mãe

Terra mãe, grande país
Exemplo p’ra tanta gente
Vai à mais profunda raiz

Come poeira noite e dia
Das entranhas de seu ventre
Trinta e três filhos paria.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O bom pastor


Acções do Pastor disparam
Com a oferta do Popular
As ovelhas não se calaram
Cães não param de ladrar

A minha é a melhor acção
Esta aqui é que está a dar
Ainda é grande a confusão
Cães não param de ladrar

Mas com a falta de atenção
O pasto vai-se degradar
Ovelha fica sem alimento

Não é pro pastor nem pro cão
Em breve todos vão definhar
As acções não são sustento.

sábado, 8 de outubro de 2011

A boiar


Preços continuam a baixar
Aproveitem bem esta ocasião
Mesmo assim vamos ganhar
Imaginem fora da promoção

Leve quatro para só dois pagar
Leve hoje e só paga amanhã
Atenção o crédito vai acabar
Peça o empréstimo esta manhã

Compre até ao final do ano
Contudo se estiver em apuros
Damos-lhe três meses sem pagar

Para que você não vá p’lo cano
Praticamos os melhores juros
Leva uma bóia pr’a não se afogar.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Discursos


Está demais a realeza
Com seus trajes de cetim
Nestes tempos de pobreza
Mas a realeza traja assim

Faustoso banquete consome
De iguarias sem igual
Nestes tempos de fome
Mas a realeza não come mal

Portugueses não desistam
No Estoril-Sol discursa o rei
Em breve falarei ao povo

Peço a todos que resistam
Não digam que não avisei
No dia cinco avisarei de novo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Agarrados


Não há pessoas com garra
A conduzir o nosso destino
Só pouca uva e muita parra
Fazem o destino pequenino

Creio que não lhes interessa
Onde haveremos de chegar
Nós somos mais uma peça
Só lhes interessa é agarrar

Agarram tudo à passagem
Secam a esperança em redor
Esta é a onda, somos levados

Deixou de haver mensagem
Nem existe um desígnio maior
Todos nós fomos agarrados.

domingo, 2 de outubro de 2011

República das bananas


Na República das bananas
Muito macaco engordou
Mas só tu é que abanas
Com a banana que tardou

Com quinze dias por mês
Ainda te conseguias aguentar
Mas o Gaspar as contas fez
E diz que precisas poupar

Poupas tu no seu mealheiro
Que a crise veio p’ra ficar
Em bananas vai muito dinheiro

Qu’o défice tem que diminuir
P’ra tanto macaco engordar
Ficas meio mês a carpir.