quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Culpa zero


Não há desculpa pr’á culpa
Pr’á culpa não há culpados
Para nada serve a desculpa
Podem seguir estão ilibados

E a culpa morreu solteira
Sem deixar descendência
A vida passou a ser porreira
Acabou a má consciência

Assim é muito fácil viver
Por conta do orçamento
Que não nos custa a ganhar

Agora vamos lá a saber
Para quê todo esse lamento
Se é certo que nos vamos safar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Às de ouros


Até a América anda assustada
Com a Europa aos trambolhões
Mas já pode dormir descansada
Vem aí um plano de milhões

Crise do euro será estancada
Vão ser afastados esses papões
Confiança vai ser restaurada
Por via das recapitalizações

Será jogada a derradeira cartada
Perdedores voltam pr’os mouros
Aos vencedores a glória infinita

Carta há muito estava guardada
É enorme o peso deste às de ouros
E neste casino a banca já se agita.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Saldo positivo


O João tinha um buraco
Mas o Alberto não sabia
Nem sequer o Cavaco
E mais vinte ninguém via

Mas um dia aqui d’el Rei
Santa Bárbara dos aflitos
Do buraco tamanho não sei
Cabem lá uns cubanitos

Vamos todos contribuir
Para este buraco tapar
Cada um dá três pazadas

Com jeitinho p’ra não partir
A espinha a quem as levar
E as contas ficam saldadas.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Gulosos


O Santana sabe demais
Se ele diz vai ser assim
Só há um que sabe mais
De seu nome, Jardim

E neste jardim Portugal
Há muita flor desta raça
Se a Madeira é um bananal
O continente a ultrapassa

A culpa não é de ninguém
Mas de todos sim senhor
Sabe bem encher a mula

O dinheiro donde provém?
Não interessa Sr. Doutor,
Satisfaça lá a sua gula!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Causa raíz


Está a morrer muita gente
Que nunca tinha morrido
Já antes teria acontecido?
Ficou a dúvida premente

Juntou-se grupo de peritos
Para o assunto escalpelizar
Conclusão havia de chegar
Mas ainda se viram aflitos

Estudaram até à exaustão
Uma amostra da população
Consultaram alguns arquivos

Após tratar toda a informação
Chegaram a uma conclusão
Acontece porque estão vivos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Antidepressivo


Não existe direito ao amor
Nesta mudança civilizacional
Que a tragédia parece propôr
Em troca do valor tradicional

Verdade está morta e enterrada
A fraternidade já desapareceu
A justiça não conta pr’a nada
E o respeito há muito adoeceu

A mentira, o roubo e a paulada
Novos valores que se levantam
E o sistema mole e permissivo

Oferece uma noite na esquadra
Bebes bem e ainda te alimentam
E tens direito ao antidepressivo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Cromos


Havia os cromos da bola
Quando eu era pequenino
Hoje há cromos sem destino
Aparece com cada estarola

Há cromos com veia política
São de uma eficiência total
Vocês não me levem a mal
Esta é a minha veia crítica

Conduzem-nos até ao futuro
Com uma mestria duvidosa
Para nos iludir é só treta

Obter os mais difíceis é duro
Trabalho de forma laboriosa
Pr’a completar a caderneta.

sábado, 17 de setembro de 2011

Archotes


Óh meus caros senhores
Eu não admito confusões
Na Madeira há aldrabões
Mas não aqui nos Açores

Na Madeira existe o buraco
Nós aqui só temos o Pico
O que avisto é magnífico
Vejo o mundo num caco

Sob o garrote d’austeridade
O povo com archotes na mão
Para o caminho iluminar

Subiu tanto a electricidade
Que esta era a única solução
Pr’a idade das trevas afastar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

The big banana


A Madeira é um jardim
Fica no centro do mundo
Deste mundo agora imundo
Primeira página de pasquim

Em Nova Iorque foi notícia
Plo enorme buraco financeiro
Na grande maçã do dinheiro
É já um em caso de polícia

Mas a maçã está bichada
Tem Wall Street a afundar
A Madeira promete ajudar

Enviando bananas prá salada
Mundo da finança irá apreciar
Esforço da banana pra nos salvar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Resgates


Foi o resgate a Portugal
A seguir é o da Madeira
Isto até não vai nada mal
A continuar desta maneira

Resgatam depois o Alentejo
Em seguida Trás-os-Montes
Segue-se-lhe o Ribatejo
Isto sei de outras fontes

Capital tem resgate previsto
E a minha aldeia também
Mas não estará terminado

Vão resgatar o Sr.Evaristo
D.Josefina o resgate obtém
No final serei eu o resgatado.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Luso-piratas


Finalmente FMI desbloqueou
Mais um balãozinho de soro
Que a última dose já se gastou
E não encontrámos o tesouro

Não é por faltarem piratas
Só que o mapa apareceu ratado
Fala em oiro, marfim e pratas
O X do local terá sido apagado

Mas os piratas internacionais
Enviam tesouro aos bochechos
Não será oiro, marfim e prata

Dão-nos títulos condicionais
Condicionam nossos desfechos
Mas alimentam muito pirata.

domingo, 11 de setembro de 2011

Ainda há torres


Sonhemos em memória
Dos que já não o podem
Pois são o pó da história
Das torres que implodem

Neste dia em que o homem
Mostra a veia da malvadez
Agora outros se consomem
Para derrubar outras dez

Depois hão-de derrubar mil
E outro milhão se seguirá
Não estará nunca saciado

O nosso âmago que é vil
Este périplo só terminará
Quando tudo fôr derrubado.

sábado, 10 de setembro de 2011

Congresso


Costa levantou-se da cadeira
E deu uma volta ao camarim
Ficou com uma grande bandeira
Porque o Seguro não fez assim

Cá vamos sabendo do congresso
Dum grande partido imputável
Faz parte do nosso progresso
É tudo gente muito impecável

Problema não está na ideologia
Todas elas têm ideias positivas
Reside no ser humano a questão

Que a ideologia na gaveta metia
Em busca de algumas alternativas
Para nos espremer até mais não.

Economista alentejano


Andam por aí à molhada
Antigos economistas chefe
Mas a julgar pelo regabofe
De economia não vêem nada

São de Harvard e americanos
Mas os canudos caducaram
É que as previsões falharam
Estão de rastos os fulanos

Antes fossem alentejanos
E compadres do bel canto
A análise demorava anos

O sucesso seria um espanto
Pois mesmo havendo enganos
A crise caducava entretanto.

domingo, 4 de setembro de 2011

Poupadinhos


Estamos bem desgovernados
Com uma transparência atroz
Sabemos que estamos lixados
E que o fisco é máquina feroz

Cortamos no lado da despesa
Passas a ter menos para gastar
Para nós tu és uma boa presa
Enquanto te pudermos sacar

A palavra de ordem é poupar
Poupa lá dos teus mil euritos
Dá passos à medida das pernas

Nós estamos cá pr’a governar
Para que a situação fique de aflitos
Só depende das condições externas.

sábado, 3 de setembro de 2011

Acaba


Está quase tudo a acabar
Para muitos até já acabou
Da saúde te vão amputar
A educação quase esgotou

Segurança social sobra pouca
Desconta até aos sessenta e tal
Deixa de respirar pela boca
E pelo nariz, não leves a mal

Precisamos as contas equilibrar
Tu já não contas vai-te finar
Fique quem já está educado

Quem tem saúde para dar
E quem ainda está a trabalhar
Vai-te daqui, sim tu ó acabado.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Tolerância zero


Os tempos são de números
Já não são tempos de letras
Então que fazer dos poetas?
Passam a ser energúmenos

E que fazer com a filosofia?
Não tem valor acrescentado
Por agora coloca-se de lado
Talvez possa ser útil um dia

Nos tempos em que vivemos
Apenas tem valor a economia
E tu se não és uma mais-valia

Pode bem ser que te toleremos
Mas como quebras a hegemonia
Passas a contar como anomalia.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Consumidos


Que dizer a esta juventude
Eu digo, puta que os pariu
E que mudem a sua atitude
Não sejam geração consumiu

É que a viver para consumir
Vão acabar sendo consumidos
Uma vida passada sem assumir
Então para quê da puta paridos

Mas será deles a grande falha
Ou de quem os anda a educar
Na abundância e não na luta

Quem só facilidades amealha
Ilude-se numa vida sem lutar
Pr’a puta que a pariu, a puta.