domingo, 26 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Serenidade
Este povo é sereno
No eterno carnaval
País é bem pequeno
Ninguém leva a mal
Há cocktails pelo ar
São os de mau cheiro
Não são de rebentar
Só assobiar o primeiro
Ministro de coragem
Enfrentou a criadagem
Deu seu peito às balas
Subiu logo na sondagem
Assim não fará as malas
Presidente não te ralas?
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Politica(mente)
Ao pó e ao nada reduzidos
Final desta peça ilusória
Em que somos seduzidos
Numa repetição sem glória
Muda cenário e vestimenta
A peça até parece diferente
Mas mais uma vez se aguenta
Com peça igual e deprimente
Palavra é intenção simulada
Dita por novo actor consagrado
No mesmo palco representada
Pouco ou nada ovacionado
P’la multidão sempre lesada
Política é este jogo jogado.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Caravelas de esperança
D. Fernando II e Glória
De um povo marinheiro
Escreveu linhas d’história
Por esse mundo inteiro
E mais linhas escreverá
Não nesta mas noutras eras
Que esta é demasiado má
Tempo de fúrias e feras
Tempo este sem lucidez
Ao novo tempo faz apelo
Nas caravelas de esperança
De novo este povo português
Se lançará ao mar tão belo
Contra tempestade ou bonança.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Cigarras de Portugal
De errado em Portugal
Só vejo os portugueses
Que sabem gerir-se mal
E a culpa é dos chineses
Chegaram os milhões
D’Europa muito amiga
Não entro em discussões
Mas foi encher a barriga
Recebemos agora a factura
Não se investiu na produção
Fomos cigarra, bela cantiga
Folia é boa enquanto dura
E agora que mudam a canção
Vejo cigarras e nenhuma formiga.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Bulimia
A Grécia não é a Grécia
Portugal não é Portugal
Depois de tanta peripécia
Todos somos um carnaval
Os políticos são os reis
Gozam o imenso festival
E vós povo o que sereis
Neste grande desfile fatal
Somos pais da democracia
E reis da ingovernabilidade
Contribuímos para o repasto
Desta gula que é bulimia
Onde comem até à saciedade
Para vomitar de imediato.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Cidadão não
Está caduco estado social
Caducou no mês passado
Passaram licença especial
Até à renovação do estado
Mas parece impossível
Um estado de renovação
Vejo um estado sofrível
Não sinto qualquer aptidão
Para uma política social
Já não conta o cidadão
Só já conta o contribuinte
Este cidadão está a passar mal
Proponho a sua revogação
Que venha o cidadão seguinte.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Nascer ao sol
Nascer em Portugal
Antes valia não fosse
Uns com febre andam mal
E outros cheios de tosse
Com catarro e rouquidão
Muitos também há por aí
Outros mal do coração
E com caspa também vi
Há as taxas moderadoras
Do sistema hospitalar
Para moderar as entradas
Não vi taxas franqueadoras
Para o acesso franquear
Mas vi sol nas esplanadas.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Nação valente
Um dia a troika disse mata
Governo acrescentou esfola
Depois da alta negociata
Acabámos a pedir esmola
Língua de palmo p’ra pagar
O resultado da gestão danosa
Com que quiseram brindar
Nação forte, alma vigorosa
Não se vai deixar assustar
Mesmo depois de esfolada
Continuará a caminhar
Como exemplo apontada
Muitos nos virão estudar
Pela valentia demonstrada.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Guerra económica
Não é necessário destruir
O mundo, apenas metade
Pois é preciso reconstruir
Nova e distinta realidade
Destruição está em marcha
Económica guerra mundial
Não pára, ou vai ou racha
Que nova realidade afinal?
Retrocesso atroz é imposto
P’los famigerados mercados
E enquanto o planeta rodar
Não há inteligência ou rosto
Que encaminhe os deserdados
Só o lucro nos pode comandar.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Cálice de ouro
Quando tiverem dentes
E puserem ovos de lata
Então estaremos contentes
A galinha já não se mata
Então será muito a sério
Riqueza ter-se-á acabado
Mesmo a do quinto império
Tanto mundo desolado
Não mais cálices de ouro
Cruzarão lábios sedentos
Não mais lugar a lamentos
Haverá um novo tesouro
No mundo em construção
Após a sua destruição.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
A sentença
Eu não entrego os louros
Os louros são-nos roubados
Pelos ladrões de tesouros
De governantes disfarçados
Entregam o oiro ao bandido
A seguir vão-se endividar
P’ra nós piegas, o gemido
Somos carne para exportar
País não precisa de auxílio
Precisa vergonha e bom senso
Enviar alguns para o exílio
Da nossa maior indiferença
Encetar um processo intenso
Haja quem leia a sentença.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Passado do futuro
Futuro ao virar da esquina
Deste portugal de bananas
Democracia é pequenina
E mal gerida por sacanas
Democracia é a substituição
D’alguns corruptos apenas
Por incompetentes em aluvião
Que se pavoneiam às centenas
Acreditem não sou eu que digo
D.Carlos, Bernard Shaw e Eça
Relataram este filme no passado
E não parece filme tão antigo
Até me parece actual esta peça
Onde figurante povo é sacrificado.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Folk the Banks
Just Folk the Banks
Nasceu um dia na City
E contagiou os Yankyees
Que ocuparam Wall Street
Antes do lucro a humanidade
After that save the Queen
Gritou-se lá nessa cidade
Um pouco de dignidade sim
O contágio é progressivo
No mundo em transformação
Nesse dia eram centenas
Sem um cariz agressivo
Hoje em dia quantos são?
Talvez uns milhares apenas.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
A capoeira
A vida não vão levá-la
Porque nos querem a ganir
À galinha vão depená-la
Nós ficamos p’ra contribuir
Pois que sem contribuição
Vão andar todos ao estalo
De pintos não passarão
Esses que cantam de galo
Não há rei na capoeira
Do nosso descontentamento
Poucos ficam com o tesouro
P’ra muitos sobra a poeira
São os que por um momento
Põem os ovos de ouro.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Austeridades carnavalescas
Acabou-se o carnaval
E eu até não acho mal
Não havia pão afinal
E tu como um mortal
Austeridade espiritual
Praticavas como ritual
Agora é comportamental
E a seguir conventual
Abrigas-te no convento
Sob a forma de oração
Dás voz ao teu lamento
O espírito não quer pão
Fica barato o sustento
Mais caro é ser folião.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Espelho da morte
Vida é o espelho da morte
Podes olhar-te e reflectir
Terás em vida melhor sorte
Ou tê-la-ás depois de partir?
Se em primeira classe viajas
Levas ouro, prata e brilhantes
Não importa como em vida ajas
Terás um lugar entre gigantes
Se foste um pobre coitado
Da classe dos indigentes
Atrás do prejuízo deves correr
Se foste um remediado
Então as coisas são diferentes
Tens de pagar antes de morrer.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
O exemplo
O exemplo donde parte
Vem de cima ou de baixo
Em cima está quem reparte
E onde fica logo o tacho
E é aqui que está a arte
De repartir que é antiga
Quem o faz não se farte
Encha dez vezes a barriga
Em baixo é dar o exemplo
De trabalhar para comer
E o tacho chega rapado
Eu cá de baixo contemplo
Mas não chego a perceber
Lá de cima o exemplo dado.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Bloody mary
A resposta adequada
Não são greves nem nada
Não virá de madrugada
Nem chegará disfarçada
Ela já está em marcha
P’ra fogueira não é acha
Nem sequer é vai ou racha
Não há manif nem faixa
Ela está a ser plantada
Em breve vai desabrochar
Queira ou não o poder
Não será uma intifada
Nem será para assustar
Como será não vou dizer.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Memorial além troika
Austeridade além troika
É um desígnio nacional
Torna forte nação heróica
De seu nome Portugal
Os oito séculos d’história
Foram engolidos afinal
De tal feito não há memória
Erga-se então um memorial
Na base e como suporte
Um povo sempre esquecido
Apoiado numa justiça forte
Governo da maior confiança
Navegadores que temos sido
Naveguemos na alta finança.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Sociedade call center
Na sociedade formatada
O call center já te atende
Reclamação foi registada
Resolução essa depende
Vamos consultar manuais
Ligação está impedida
Já há indícios formais
Afinal tem direito à vida
A uma vida em sociedade
Doze andares acima do chão
Onde não conhece o vizinho
No centro da grande cidade
Call center emite a conclusão
Tem direito a morrer sozinho.
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