quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Era do bom senso


Esta é era do pessimismo
Pois já ninguém acredita
Nesta malta com cinismo
Nem naquilo que debita

Invente-se uma nova era
Que nos traga algo de novo
Onde o cinismo não impera
Mas o bom senso do povo

Com bom senso é possível
Fazer bem melhor que isto
Alguém disse e não arrasa

Para obter mais que sofrível
Não é preciso um ministro
Basta mediana dona de casa.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Linda vaquinha


Corte histórico na despesa
Tem data e hora marcada
A malta vai ficar toda tesa
Depois não pode pagar nada

É chamada de despesa zero
Não é da troika é mais além
E o orçamento eu cá espero
Que seja base zero também

Assim ficamos todos a nulos
E ninguém se poderá queixar
Que andam por aí uns chulos

Fartos de nos andar a roubar
Mas eles é que vão ficar fulos
Por a teta da vaca estar a secar.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Denta e dura


Vem aí o imposto Robin
Ou será o imposto Tarzan?
Para mim vai acabar assim
Todos em cuecas e soutien

Soutien que é para suster
Se ainda houver material
Porque pl’o que estou a ver
Isto ainda vai acabar mal

Eu cá sempre tenho dito
Isto vai acabar  à dentada
Deixo-vos com esta pista

Mas como em mim acredito
A minha trago bem cuidada
Tenho visitado o dentista.

domingo, 28 de agosto de 2011

Telegrama


Estamos em crise, ponto
Estado esbanja, vírgula
Imposto financia, pronto
O eterno pecado da gula

Emagreçam, exclamação
Ou rebentamos, ponto final
Haverá safa, interrogação
Safam-se uns bem, outros mal

Esforço igual? Não, não, não
Que isso não seria saudável
O esforço não é equiparável

É certo, ricos não pagarão
Paguem os pobres, coitados
São muito e estão habituados.

sábado, 27 de agosto de 2011

Natal da beterraba


Trinta e tal anos de promessas
Iludido, ó Zé, sempre continuas
Animal de hábitos não te esqueças
Que com facilidade te desabituas

Desabituas-te de viver simplesmente
Mas porque te recusas a sucumbir
Passas então a vegetar alegremente
IVA de alfaces sorridentes vai subir

Por isso está na altura de mudar
Não te preocupes, temos um plano
Além da política, guerra e pobreza

Mudas para beterraba, vais a refinar
Ensacado e armazenado até pr’o ano
Passas um doce natal com certeza.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Procura-se


Hoje vamos acabar com isto
Só que isto nunca mais acaba
O homem nunca mais foi visto
Mas todos sabem onde estava

Aqui joga-se ao gato e ao rato
Procuram-no vivo ou morto
No hotel, vivenda ou buraco
Terá sido visto no aeroporto

Não importa isto é divertido
Manda-se uns tirinhos pr’o ar
Umas bazucadas na moradia

Provavelmente terá fugido
A Nova York terá ido almoçar
Com uma bela loira quem diria.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O figo


Mais poderosa do mundo
Deste mundo de papelão
Em breve baterá no fundo
É o efeito da globalização

China chama-lhe um figo
E vai metê-la num chinelo
Dá ouvidos a este amigo
Que mais isto eu te revelo

Neste nosso mundo global
Andam a dividir pr’a reinar
Através da ultra especulação

Por isso teu poder é virtual
Apenas poderíamos singrar
Fazendo uma enorme união.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Brindemos


Os mais ricos de Portugal
Não devem pagar coitados
Não fizeram nenhum mal
Porquê serem defraudados

Eles já são tão pouquinhos
Que devem é ser ajudados
Vamos fazer uns bolinhos
Uns lindos panos bordados

O óleo das bifanas já aquece
Croquetes e tinto pr’a esquecer
Petiscamos, ficamos eufóricos

Foi uma boa ideia a quermesse
Rifas a um euro estão a render
Sai um brinde aos mais ricos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Na banheira


Os milionários querem pagar
Pois sejam meus convidados
Podem começar já pelo jantar
Não quero vê-los contrariados

Hor d’ouevre ostras au caviar
Para emborcar cahteau lafite
Degustar um confit de canard
Arrotar, ó condessa não me fite

Já estou com uma monumental
Leve-me no Cadillac, condessa
Ao Hilton Palace da Margueira

Ficamos na suite presidencial
Instale-se na cama e adormeça
Que eu durmo ali na banheira.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Estou à rasca


Estou à rasca, vou cag..
Mas volto logo a seguir
Venho para vos ajudar
Depois de me desobstruir

A luta continua depois
Necessidades básicas já
Em vez de um saíram dois
Limpo com água e piaçá

Já voltei mais levezinho
E não estou tão enrascado
Se não fosse num instantinho

Ficava aqui enrascadinho
E não tarda estaria borrado
Nem podiam com o cheirinho.

domingo, 21 de agosto de 2011

Euro-bombas


Não lançamos eurobonds
Diz Sra.Merkel de trombas
E vê-de se vos compondes
Ou lançamos euro-bombas

O Sr.Van Rompuy insiste
Eurobonds não emitiremos
E vê-de se a calma persiste
Ou euro-bombas lançaremos

E todos nós já percebemos
Temos que baixar a bolinha
Ou bomba começa a chover

Não fazemos como queremos
Eles controlam nossa vidinha
Até que deixemos de dever.

sábado, 20 de agosto de 2011

Tudo num segundo


Manuais escolares caros
E não duram um segundo
No meu tempo eram raros
Mostravam todo um mundo

Também não havia fartura
Nem os gadgets de marca
Nada um segundo perdura
Hoje, e a fartura nos abarca

Mac donalds e coca cola
Emborca lá outra vez
E calça esses ténis baris

Antes ias descalço prá escola
Chegavas com bolhas nos pés
E o ranho a pingar do nariz.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Bola de berlim


Este mundo não é meu
Eu também não o queria
Mas se alguém o comeu
Ficou com grande azia

Era lindo e amarelinho
Aberto bem a preceito
Estava bem recheadinho
Com um creme perfeito

No final lambe os dedos
Arrota de agradecimento
Para terminares o festim

Bate a sorna sem medos
Acordas em sofrimento
Indigesta a bola de berlim.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A festa do culpado


Por sermos humanos erramos
Culpa morre sempre solteira
Aos outros não desculpamos
Quando fazem alguma asneira

Solteira morreu a avó da culpa
Não se conhece descendência
Se tiveres uma boa desculpa
Terás a nossa condescendência

Por tudo isto já não há culpados
Podemos errar e fartar vilanagem
Com os erros tentamos aprender

Morta a culpa estamos desculpados
Se errando é fraca a aprendizagem
Não teremos que nos arrepender.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ele e a sua sombra


Andam loucos por cobrar
Nestes dias de incerteza
Até quando irá durar ?
A malta está quase tesa

Era pró Natal é pra mim
Transportes venha a nós
Na electricidade é assim
Não tomamos banho sós

Este pântano é bem maior
Do que os antes falados
Do inferno se fará céu ?

Não creio, está bem pior
Ficaremos todos atolados
Então e o louco sou eu ?

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Resposta ao Arnaut


A aritmética e a ética
Não são conciliáveis
Nem na obra poética
Poetas são descartáveis

A universalidade também
Gratuitidade não tem razão
A tendência como convém
Molda-se pela nossa não

Vamos lá então moldar
Esta sociedade moderna
Quem quiser que adoeça

Não se escapa é a pagar
Vai ter o ministro à perna
E é bom que não se esqueça.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sócrates evolution®


Olhos do mundo em Portugal
No Pontal mais propriamente
A ver se não nos portamos mal
Eu digo que não seguramente

Estamos a construir a história
Na política já não há crispação
É o nosso caminho pr’á glória
O verdadeiro destino da nação

Sacrifícios suaves não existem
Resultados rápidos também não
Venha a contribuição colossal

Que eu sei vocês não desistem
Do subsídio de Natal abrem mão
Na energia sobe a factura mensal.

domingo, 14 de agosto de 2011

Manguitos


Há cento e vinte cinco anos
A fazer manguitos ao poder
Mas nós vivemos d’enganos
Poderosos não querem saber

Zé Povinho tens que evoluir
Já vês o manguito não chega
Uma nova tens que descobrir
Senão o poder só te carrega

Eles a esbanjar e tu a pagar
Ó Zé Povinho assim não dá
Dá-lhes antes um boa refrega

Com tomates para começar
Ovos podres também temos cá
À sobremesa uma boa esfrega.

sábado, 13 de agosto de 2011

Sem alma


Podes perder a tua calma
No meio de uma confusão
Mas nunca percas a alma
Nem da alma abras mão

É que uma alma vendida
Nem que fora por um milhão
É como uma alma perdida
No meio de uma multidão

Pior que uma alma errante
Vagueando, ó triste destino
É uma alma de alma despida

Usando um traje cintilante
Debruado com ouro fino
Por haver sido corrompida.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Instante


Que procuras tu aí
Nesse canto escondido?
Não vês que está aqui
O teu futuro perdido!

Se perdeste o teu futuro
O que esperas alcançar?
Um presente muito duro
Construído a trabalhar!

O futuro ainda é presente
Não tenhas outra ilusão
O presente já foi passado

Se o tempo estiver ausente
Todos os três coexistirão.
Já encontraste o teu fado?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Cura prá tosse


Já hoje foi anunciado
Vítor amanhã anuncia
Cortes por todo o lado
Assim a troika financia

Troika quer-nos a poupar
E a fundo na austeridade
Também para lhes pagar
Vamos recorrer à caridade

Reúne-se a malta de posse
E toma-se uma decisão
Um tostão eles irão dar

Até que se cure esta tosse
Mas recebem um milhão
Quando nos vierem cobrar.

Adapta-te


Se esta sociedade falhar
Foi o indivíduo que falhou
Cansado de tanto tentar
E a sociedade não singrou

Outro modelo por encontrar
Será a sociedade do futuro
E para isso vamos trabalhar
Prevejo que seja no duro

Sociedade será diferente
Disso nem podes duvidar
Esta falhou a outra não falha

Que venha ela simplesmente
O indivíduo vai-se adaptar
Nem que seja a da metralha.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Poema chamuscado


Este poema está em crise
Por isso tem rating da treta
Dizem tratar-se dum deslize
E afectou o rating do poeta

Este poema está queimado
Mercê dum tumulto gráfico
E o poeta saiu chamuscado
Ficou o registo fotográfico

A poesia está sem soluções
Pr’ás incertezas do presente
Por isso não vos posso valer

Viva a ditadura dos cifrões
Que chupa o tutano à gente
Chamando a si todo o poder.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Bar.afunda


Em Londres soltam os cães
Em Nova York bolsa afunda
No forno da aldeia cozem pães
Minha rua está uma barafunda

O pastor conduz o rebanho
Pr’a pastagem do outro lado
Bombista em Roma, já t’apanho
Em Paris o rating foi cortado

Wall Street viu um fantasma
Ó freguês olha a vivinha da costa
Na City gato preto foi avistado

Correctores têm ataque d’asma
Sardinha na brasa, quem não gosta
Mundo da finança anda azarado.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Manifesto


Manifesto não é de protesto
O manifesto não é de amor
Não é um simples manifesto
Este manifesto é de clamor

Clamamos direito a clamar
Neste tempo que é de apatia
E quando só ouvimos calar
Clamamos por um novo dia

Um novo dia de esperança
Quando a esperança morreu
Um novo dia de solidariedade

Quando esta está sem pujança
Esse novo dia quem o percorreu
Ninguém para dizer a verdade.

domingo, 7 de agosto de 2011

A latrina


Não têm dinheiro pr’o vale
Nos correios de Portugal
Mas nada se consta corra mal
Neste canto d’Europa, o quintal

A isenção da taxa moderadora
Dizem-me que já está no cartão
Mas afinal dizem-me que não
Não chegou o papel da doutora

Neste pequeno canto europeu
Enorme fedor já não se aguenta
Têm que mandar cá a inspecção

Isto não parece quintal, digo eu
Parece mais uma latrina sebenta
Promovam já uma desinfecção.

sábado, 6 de agosto de 2011

Descartáveis


O amanhã faz-nos caminhar
O ontem é que nos empurrou
O hoje quase que nos matou
Futuro haveremos de abraçar

Ele existem futuros e futuros
Alguns tudo têm nada sentem
Os que nada têm não mentem
Levam empurrões muito duros

Assim os audazes são forjados
Por força de muito cambalear
São por certo mais capacitados

Mas apontados por questionar
Na sociedade de pré formatados
Serão certamente para descartar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Pílula da felicidade


Vendo a pílula da felicidade
Que promete prazer sem fim
Gentes tristes vinde até mim
Voltai felizes sem ansiedade

Há embalagens de cinquenta
Algumas são comparticipadas
Para as que são mais puxadas
Há unidoses, a bolsa aguenta

Comprai já antes que esgote
Não percais esta oportunidade
Felicidade mesmo comprada

Não há tristeza que a derrote,
Pr’a semana surge a novidade
Vamos ter felicidade injectada.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Oposição não


O deus máximo é o dinheiro
Ninguém se lhe consegue opôr
Gostava então de vos propôr
Porque não cooperar primeiro

Esta tremenda insaciedade
Pelo lucro até mais não
Vai provocar a implosão
Desta nossa sociedade

Abandonemos esta competição
Que só nos aporta destruição
Construamos o novo dia

Sem direito à oposição
Onde todos em cooperação
Alcancemos a harmonia.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Low cost


Sai uma bombinha low cost
Pr’aquele senhor ali do canto
E mesmo que ele não goste
Se o governo manda, pronto

E abastecemos alegremente
Nosso dia a dia com patetices
Quem nos governa não mente
Destapa dos outros as aldrabices

Low cost os despedimentos
A TSU também vai minguar
E não quero ouvir lamentos

Pois andaram a gastar demais
Agora vão ter que amargurar
Low cost pr’á digestão, os sais.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O meu iate


O meu iate é maior que o teu
Eu sou o maior da minha rua
Ninguém é mais rico do que eu
Minha mansão é maior qu’a tua

Sou dono da dívida soberana
Desse teu pequeníssimo país
Sim é uma situação desumana
Mas dançam como sempre quis

Eu sou o dono da orquestra
Sou o dono do piano de cauda
Maestro faz parte da equipagem

Tudo isto constitui a trave mestra
Dum sistema que não me defrauda
Onde todos me prestam vassalagem.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Diamantes


Esqueça a marca BPN
E o seu dinheiro também
Nós somos gente de bem
E gostamos de higiene

Dinheirinho já foi lavado
Nos novos cofres vai entrar
Pois não há que enganar
Poderia estar contaminado

Com dinheiro fresco assim
Entre países da lusofonia
Ficará tudo como dantes

Já tínhamos ouro e marfim
Isto é de facto uma alegria
Celebremos com diamantes.